Em nota, Secretaria da Mulher apoia garis de Águas Claras

  Da Redação
Funcionárias foram convidadas a se retirar de área externa de shopping
A secretária da Mulher do Distrito Federal, Olgamir Amancia, se manifestou, por meio de nota oficial, sobre a retirada de um grupo de garis da área externa de um shopping center em Águas Claras. Na quarta-feira (31/10), após o almoço, 12 funcionárias que capinavam os canteiros da quadra 205 procuraram refúgio na sombra do centro de compras, quando a dona de um salão de beleza para crianças, de 67 anos, pediu que as garis se retirassem, porque estariam incomodando os clientes. A polícia autuou a lojista em flagrante, por injúria.

Para Olgamir Amancia, o episódio "evidencia a presença nefasta, em nossa sociedade, do preconceito que muitos fingem não existir mas que, infelizmente, ainda pauta condutas e comportamentos".

"A ocorrência nos leva a refletir acerca da sociedade que queremos construir", conclui a secretária.

Confira a nota assinada pela secretária Olgamir Amancia:

NOTA DE DESAGRAVO

Desagravo e solidariedade às garis de Águas Claras

Causa preocupação quando, em nome de uma equivocada visão de ordem pública, trabalhadoras são excluídas de espaços de convivência e trânsito destinados ao usufruto de todas(os) as(os) cidadãs(ãos). Foi o que aconteceu em Águas Claras, no dia 31 de outubro – um grupo de garis, todas mulheres, gozava de seu horário de descanso quando foi convidado a se retirar do local, o estacionamento de um shopping, por uma comerciante. A alegação: a presença das trabalhadoras incomodava clientes de estabelecimento comercial próximo ao local.

Esta nota de desagravo e solidariedade se volta para o simbolismo do caso, que evidencia a presença nefasta, em nossa sociedade, do preconceito que muitos fingem não existir mas que, infelizmente, ainda pauta condutas e comportamentos. Certo que o caso de Águas Claras não indica um preconceito contra mulheres; mas denota, claramente, uma vontade de distinção social baseada na segregação. Tudo somado – mulheres, garis, clientes, espaços de consumo – a ocorrência nos leva a refletir acerca da sociedade que queremos construir.

Assim como garis, temos bombeiras, enfermeiras, professoras, artesãs, estudantes, empregadas domésticas, atletas, catadoras de material reciclável, modelos, manicures, pesquisadoras. Quais destes grupos de mulheres teriam sido aceitos ou repudiados naquele momento? Qual grupo mereceria a oferta de água fresca, em sinal de acolhida e cortesia, e qual grupo mereceria o convite para se retirar do espaço? Se quisermos, de fato, construir uma sociedade emancipada, devemos observar que atitudes e gestos cotidianos são portadores de nossos mais profundos ideais. Às garis de Águas Claras, o merecido descanso, sombra e água fresca.

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