Pacotão volta a reunir foliões nas ruas de Brasília

Brasília – No último dia de carnaval, os brasilienses saíram de casa e foram aproveitar um dos blocos de rua mais tradicionais da cidade. O Pacotão, que faz sátiras políticas, concentra os foliões que querem comemorar o carnaval de maneira irreverente há 34 anos. O bloco saiu por volta das 15h30 da concentração, na Entrequadra 302/303 norte, e seguiu pela contramão da Avenida W3, em direção à Quadra 504 Sul.
A aposentada Alzira Dias levou o neto para aproveitar o feriado. “Venho desde o início do bloco. Vou seguindo e curtindo até quando eu aguentar”. O Pacotão foi criado em 1978 por um grupo de jornalistas como forma de protesto contra a ditadura militar. O nome é uma crítica ao pacote de medidas que alteravam as regras das eleições, conhecido como Pacote de Abril, criado pelo então presidente da República general Ernesto Geisel, em 1977.
Este ano, o tema principal é a Lei da Ficha Limpa, aprovada pelo Supremo Tribunal Federal na semana passada. A marchinha deste ano do Pacotão é a Lavanderia Ficha Limpa, do compositor Paulão de Varadero. A música cita políticos do Brasil, com o refrão “Esculhambou geral, tem lavanderia no Supremo Tribunal”.
O gráfico Amâncio do Teclado freqüenta o pacotão há 18 anos, desses, 15 fantasiado como o cantor Roberto Carlos. “[O bloco] começa fraquinho, mas depois toma as ruas e fica cheio. Isso mostra que o carnaval de Brasília existe”, disse. Além de participar fantasiado, Amâncio também grava as marchinhas do bloco para o CD do Pacotão.
A administradora Jaqueline Borges marca presença todos os anos no carnaval de rua da capital. Ela e outros 15 membros da família dançam ao som das marchinhas do Pacotão há mais de 15 anos. “Tem gente que acha que quando estamos aqui curtindo, esquecemos os problemas do Brasil. Na verdade, a gente também protesta aqui e mostra que tem consciência”.
Atrás do Pacotão, além dos foliões, há o grupo da limpeza. Mais de 15 garis trabalham limpando a Avenida W3 após a passagem do bloco. De acordo com Liliane Silva Freitas, a animação contagia o trabalho dos garis. “A gente vai curtindo tudo aqui atrás com o nosso bloco”.

Daniella Jinkings
Repórter da Agência Brasil
Edição: Graça Adjuto

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