Distrito Federal e cidades do entorno sofrem com frequentes piques ou cortes de luz

17/03/2013 - 15h04
Carolina Gonçalves
Repórter da Agência Brasil
Brasília – A advogada Camila Oliveira perdeu as contas das vezes em que chegou do trabalho, depois de jornadas de mais de 12 horas, e se viu obrigada a subir quatro andares duplos de escadas para chegar ao seu apartamento. A falta de luz onde mora, Águas Claras – uma das mais novas regiões administrativas do Distrito Federal - é uma constante.
Camila lembra que, muitas vezes, chegava cheia de sacolas de compras e não tinha alternativa a não ser enfrentar os lances de escada. “Você tem que subir não é? E, muitas vezes, nem a luz de emergência funcionava direito. A gente usa a luz do celular para iluminar os degraus”.
Apesar de enfrentar o problema com regularidade, a advogada disse que nunca perdeu equipamentos eletrônicos. “Mas e as pequenas perdas? Para quem reclamamos? Outro dia foi a lâmpada da cozinha que queimou. Tem ainda os alimentos na geladeira”.
O problema de fornecimento de energia na região que sedia a capital do país, Brasília, não se limita apenas a uma localidade. Moradores de várias cidades do entorno sofrem, com frequência, com os conhecidos piques ou cortes de luz que, em muitos locais, duram horas. As falhas tornam-se ainda mais frequentes nos períodos de chuva, quando, muitas vezes, o problema é agravado pela queda de árvores que podem afetar a rede.
A Companhia Energética de Brasília (CEB), única responsável pelo serviço na capital, tem uma justificativa para a persistência das falhas: uma trajetória de investimentos tímidos que marcou a última década da empresa. “A empresa passou por um período de quase dez anos com investimento aquém do necessário para o crescimento da rede, enquanto o mercado consumidor crescia a uma média de 7% ao ano [a média de crescimento nacional é cerca de 4% ao ano]”, explicou Manuel Clementino, diretor de Operações da CEB.
Segundo Clementino, nesse período os gastos com melhorias da rede giravam em torno dos R$ 30 milhões anuais, enquanto o investimento ideal é estimado em R$ 90 milhões por ano. “Foi um período longo com margem de investimento pequeno e a rede foi ficando envelhecida, trabalhando com sobrecarga, acima da capacidade. Foi o cenário que herdamos em 2011. Hoje, temos muitos problemas porque temos que recuperar, em dois anos, um período de dez”.
O diretor da empresa garante que muitas obras serão entregues no segundo semestre de 2013, quando a população, segundo ele, vai sentir mais nitidamente a melhoria da qualidade do serviço. “Os dados de 2012 mostram o maior investimento feito pela companhia na história da cidade: foram R$ 150 milhões. Entre 2011 e 2012, investimos um total de R$ 240 milhões em várias localidades do DF”.
A previsão da CEB é que, ao longo de 2013, sejam investidos mais R$ 200 milhões em melhorias como construção de subestações, redes de média tensão, substituição de equipamentos antigos e modernização na rede. Os custos com manutenção não estão incluídos na conta. “Temos a previsão de investir R$ 30 milhões apenas para manutenção, que eventualmente pode incluir troca de um equipamento defeituoso ou com indícios de [apresentar] problemas a curto prazo”.
Enquanto os benefícios das obras não chegam à população e além dos transtornos que se transformaram em rotina, os usuários reclamam do atendimento da companhia. “O atendimento é muito ruim, o serviço é praticamente todo feito em gravação e, quando temos qualquer problema de falta de fornecimento de energia, é muito difícil descobrir qual o motivo ou se há alguma previsão de regularização”.
Edição: Tereza Barbosa

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